Mulheres e Estoicismo

O estoicismo atraiu muitas mulheres. As mulheres (matronas) organizavam a “convivia” para debater o Estoicismo. Muitas delas de fato vivenciaram a filosofia, como Pórcia Catonis, que era filha de Cato, o Jovem, e esposa de Brutus.

O lema do estoicismo é “viver de acordo com a natureza”. Mas aqui estamos pensando mais especificamente sobre a natureza humana. E a natureza humana parte de duas premissas: uma que somos seres sociáveis, e a outra que nós somos capazes de pensar racionalmente.

Para Emily McGill-Rutherford e Scott Aikin, os antigos estoicos pensavam que as mulheres eram iguais aos homens em sua capacidade de raciocinar (e assim também deveriam estudar filosofia) e que mulheres e homens eram cidadãos iguais da cosmópole. Para os autores, o progresso dos antigos estoicos  para as mulheres vai porém só até esse ponto. Não havia uma possibilidade de escolha de papéis sociais para as mulheres; faltava, assim, a autonomia. 

“Os estoicos, apesar de suas inclinações feministas (ou poderíamos dizer, protofeminismo), não respeitaram a autonomia das mulheres individualmente. Isso, argumentamos, não é inconsistente com seu estoicismo, mas é moralmente inaceitável” .

McGill-Rutherford e Aikin

A tese desses autores é de que mesmo não atuando na prática para de fato eliminar os problemas das ações sexistas, a filosofia em si dava possibilidades de pensar o estoicismo para combater as injustiças. Assim, hoje, mais do que nunca, é possível pensar a filosofia estoica em termos de igualdade de gênero. Pois não queremos uma filosofia estanque, mas uma que avance e se desenvolva.

“O estoicismo liberal que propusemos respeita a autonomia, mas reconhece o fato de que o mundo não é ideal, e assim deve haver as conhecidas virtudes estoicas da resistência (endurance)” . 

McGill-Rutherford e Aikin

Assim, perseverar não é igual a endossar certos comportamentos – os antigos e os presentes.

Referências:

“Stoicism, Feminism and Autonomy”, de Scott Aikin and Emily McGill-Rutherford

TED: O estoicismo como filosofia para uma vida comum | Massimo Pigliucci 

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